terça-feira, 28 de junho de 2011

Visão da Humanidade por Charles Bukowski

A raça humana sempre me causou nojo. Intrinsicamente, o que torna tudo nojento é a morbidez do relacionamento familiar, o que abrange casamento, intercâmbio de poder e auxílio, e isso, feito ferida, uma lepra, transforma-se então: no vizinho de porta, na redondeza, no bairro, na cidade, no município, no estado, no país... em todo mundo, um agarrado ao cu do outro, na colmeia da sobrevivência pela imbecilidade de um medo animalístico.
Compreendi tudo, ali caído no chão, enquanto me deixavam implorando em vão.

sábado, 4 de junho de 2011

A Queda do Grande Astro-Rei (Parte 2)

 O grande e poderoso Astro-Rei, no auge de seu trono dourado, com raios fulgentes de aurora ao seu redor e longas sombras crepusculares aos seus pés, fora cegado pela vil soberba e pela jovem terra enamorou-se. Dirigindo todo seu esplendor para o pueril planeta perdeu de vista sua eterna Rainha-Luz, e dessa forma sua tragédia se consumou. Cegado, perdido em sua grande arrogância, o Astro-Rei não se apercebeu do desaparecimento de sua companheira, e quando a si voltou por eras a procurou, derramando seus raios quentes e luminosos sobre a face da terra, em sua busca incessante, a desolação o tomou, e não mais era tão poderoso ou radiante.
 Mas nesse infindo buscar, o solo da Terra aqueceu, e com sua luz a pulsar, com verdes plantas e célere fauna a Terra preencheu. O fruto de sua jornada foi a evolução da vida, e naquele planeta antes jovem e pueril, com todo seu esplendor a civilização floresceu. O fruto degenerado de seu maior erro, a carne de todo planeta consumiu, e de suas entranhas cavou e arrancou riquezas e minerais. Já não mais tão bela quanto antes, já não mais pura e intocada, por sua vingança a Terra bramiu. Invocando todo o fogo de seu interior ao grande Astro-Rei puniu, fazendo com que a essência fosse tirada do poderoso astro de chamas, parando-o no meio de sua viagem entre horizontes e lançando sua quintessência dentro de um corpo mortal, despejando-o entre seu fruto não amado, a civilização.